sábado, 24 de outubro de 2009

Deus e o Diabo na Terra do Sol

Deus e o Diabo na Terra do Sol
(Deus e o Diabo na Terra do Sol, 1964, Brasil). Direção: Glauber Rocha. 115 minutos.

Para muitos, o melhor filme brasileiro de todos os tempos. Para outros tantos, um enfado superestimado. Muito já se foi falado sobre o filme e seu diretor, tanto pelos adoradores quando pelos detratores, mas em uma coisa todos eram obrigados a concordar: É o filme mais importante e representativo do Cinema Novo, vanguarda cinematográfica liderada por Glauber Rocha que reunia jovens cineastas idealistas, que, inspirados pela estética do Neo-Realismo Italiano e a coragem da Nouvelle Vague Francesa, ansiavam por um cinema que resgatasse a verdadeira identidade nacional, jogando nas telas toda a pobreza e desigualdade do país, sem medo de causar polêmica.

É difícil de acreditar, mas com apenas 70 mil (!) Glauber realizou essa obra que redefinira todo o cinema nacional da época.

O filme inicia com Manoel (Geraldo Del Rey) e Rosa (Yoná Magalhães), mais um dos milhares de casais de trabalhadores nordestinos que sofrem com a pobreza, fome e miséria do sertão. No entanto, Manoel ainda tem a esperança de obter lucro com uma partilha de gado com seu patrão, o Coronel Morais (Milton Roda), e com o dinheiro comprar um pedaço de terra onde ele e sua mulher teriam uma vida melhor. Acontece que no trajeto ate a cidade, alguns dos animais morrem fazendo com que o coronel se recuse a dar qualquer coisa ao vaqueiro, alegando que o gado que morreu era dele, ao passo que o que chegou vivo era seu. Isso gera uma discussão que acaba sendo a gota d’água para Manoel, que possuído pela cólera mata o coronel. Essa situação da inicio a saga do pobre casal que se vê obrigado a fugir sertão adentro em uma jornada incerta pela busca de salvação e mudança.

Nessa jornada eles iram se deparar com um pretenso santo (Lídio Silva) e seus seguidores, que por sua vez teram um derradeiro encontro com Antonio das Mortes matador de cangaceiro, logo em seguida, após determinados acontecimentos, o casal será guiado por um cego poeta até o cangaceiro Corisco (Othon Bastos, em atuação “matadora”) o último dos cangaceiros, sobrevivente da emboscada que matou Lampião e seu bando. Nessa jornada eles descobriam na realidade quem é Deus e quem é o Diabo na terra do sol.

Glauber Rocha, com apenas 23 anos nos entregou esse registro histórico sobre a miséria, religiosidade, fanatismo, violência e a eterna busca por justiça e salvação que caracteriza não apenas os personagens de seu filme, mas também grande parte do povo brasileiro oprimido pelas adversidades da vida.

São temas tão velhos quanto a terra (com perdão do trocadilho), mas que quando olhados pela ótica de um artista do calibre de Glauber, se mostram sempre atuais e impactantes.

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